Mais de 30 civilizações inteligentes na Via Lactea?

Mais de 30 civilizações inteligentes poderão estar presentes na nossa galáxia, é a conclusão de um estudo conduzido por Tom Westby e Christopher J. Conselice.

Publicado em: https://www.eurekalert.org/pub_releases/2020-06/uon-rsn061220.php

15 de Junho de 2020

Uma das maiores e mais antigas questões da história do pensamento humano é se existem outras formas de vida inteligentes no nosso Universo. Obter boas estimativas do número de civilizações extraterrestres possíveis, tem sido no entanto muito desafiador.

Um novo estudo conduzido pela Universidade de Nottingham e publicado hoje no Astrophysical Journal adoptou uma nova abordagem para esta problemática. Partindo do pressuposto de que formas de vida inteligentes noutros planetas são parecidas com as da Terra, os investigadores obtiveram uma estimativa do número de civilizações inteligentes (com capacidade de comunicação) na nossa própria galáxia – a Via Láctea. E nesse sentido, calculam que poderá haver mais de 30 civilizações inteligentes, e em comunicação ativa, na nossa galáxia.

Christopher Conselice

O professor de Astrofísica da Universidade de Nottingham, Christopher Conselice, que liderou a investigação, explica: “Deveria haver pelo menos algumas dúzias de civilizações activas na nossa galáxia, partindo do princípio de que serão necessários 5 mil milhões de anos para a vida inteligente se formar noutros planetas, tal como foi na Terra “. Conselice também explica que “a ideia é olhar para a evolução, mas em escala cósmica. Denominamos este cálculo de limite copernicano astrobiológico“.

O primeiro autor Tom Westby explica: “O método clássico para estimar o número de civilizações inteligentes baseia-se em tentar adivinhar valores relacionados com a vida, em que as opiniões sobre estes assuntos variam bastante. O nosso novo estudo simplifica essas suposições utilizando novos dados, fornecendo uma sólida estimativa do número de civilizações na nossa galáxia.

Os dois limites astrobiológicos copernicanos estabelecem que formas de vida inteligentes em menos de 5 mil milhões de anos ou após cerca de 5 mil milhões de anos – semelhantes à Terra, onde uma civilização comunicante se formou após 4,5 mil milhões de anos. Nos critérios fortes, segundo os quais é necessário um conteúdo metálico igual ao do Sol (o Sol é relativamente rico em metais), calculamos que deverá haver cerca de 36 civilizações activas na nossa galáxia “.

A investigação mostra que o número de civilizações depende fortemente de há quanto tempo estarão activamente a enviar sinais da sua existência par o espaço, tal como transmissões de rádio de satélites, televisão etc. Se outras civilizações tecnológicas durarem tanto quanto a nossa, que actualmente tem cerca de 100 anos, haverá cerca de 36 civilizações inteligentes técnicamente activas em toda a nossa galáxia.

No entanto, a distância média para essas civilizações será de 17.000 anos-luz de distância, dificultando a detecção e a comunicação com a nossa tecnologia actual. É também que sejamos a única civilização dentro da nossa galáxia, a menos que o tempo de sobrevivência de civilizações como a nossa sejam longos.

O professor Conselice continua: “A nossa investigação sugere que a busca por civilizações inteligentes extraterrestres não só revela como a vida se forma, mas também nos dá pistas de quanto tempo a nossa própria civilização durará. Se acharmos que a vida inteligente é comum, isso indicará que a nossa civilização poderá existir para além de algumas centenas de anos; alternativamente, se descobrirmos que não há civilizações activas na nossa galáxia, é um mau sinal para nossa própria existência a longo prazo. Ao procurarmos por vida inteligente extraterrestre – mesmo que não encontremos nada – estaremos  a descobrir o nosso próprio futuro e destino “.

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