No passado dia 4 de Fevereiro de 2016, Edgar Mitchell, astronauta da missão Apollo 14, e o 6º Homem a pisar a Lua, morreu com 85 anos.
Desde final dos anos 90, teve um papel activo no movimento do “Disclosure“, o reconhecimento oficial de que o planeta Terra foi e é visitado por seres extraterrestres.
Paola Harris e Steve Bassett, investigadores e activistas exopolíticos, privaram de perto com Edgar Mitchell e participaram juntos em acções de sensibilização do público americano.
Em baixo podem ler algumas palavras de reconhecimento, agora que Edgar Mitchell partiu.
Por Paola Harris
Irei sentir a falta do Dr. Mitchell, como todos nós, porque ele era um verdadeiro advogado do disclosure.
Recentemente tive o privilégio de escrever a introdução em Italiano do livro do astronauta da Apollo 14 Edgar Mitchel intitulado “The Way of the Explorer“. Metafísica e ciência encontram-se num maravilhoso trabalho literário. É a criação de uma nova filosofia, que Edgar Mitchel define como Cosmologia Quântica.
The Way of the Explorer é um livro fascinante, que combina a exploração da metafísica com a aplicação de princípios científicos. Também aborda a intensa epifania espiritual que Edgar Mitchel experimentou durante a viagem à Lua, em 1971, a bordo da Apollo 14. Ele frequentemente explica-a como um sentimento de pertença ao Cosmos. O que é mais interessante, é que este livro detalha a procura de Edgar Mitchel pela ligação psíquica à realidade, descrevendo a sua investigação no Stanford Research Institute (SRI) com Uri Geller e outros psíquicos e curandeiros, muitas vezes financiados pela CIA.
O livro conta um percurso, uma demanda pela Verdade, algo que muitos de nós, investigadores, reconhecemos. Os interesses de Edgar Mitchel incluem a consciência e os fenómenos paranormais. Durante o vôo da Apollo 14, ele realizou, de forma privada, experiências extra-sensoriais em conjunto com amigos que se encontravam em Terra. No início de 1973, fundou o Institute of Noetic Sciences (IONS), uma organização sem fins lucrativos com o objectivo de conduzir e patrocinar investigações em áreas que a ciência convencional não via interesse, tais como a consciência e eventos psíquicos. Tudo isto fez parte de um trabalho pioneiro em física teórica.
A criação do Institute for Noetic Sciences (IONS) é talvez o maior contributo que Edgar Mitchel deixa ao mundo. Pessoas de todos os cantos do mundo têm-se deslocado ali para assistir a palestras únicas, apresentadas por reconhecidos cientistas, filósofos e investigadores. O IONS representa a integração da ciência com a espiritualidade e o conhecimento ancestral.
Hoje, Edgar Mitchell é um herói, não porque foi um astronauta que andou na Lua, mas porque tinha uma visão multi-dimensional da realidade. Tinha um grande sentido de integridade, sendo para nós, investigadores do fenómeno ovni, um dos poucos colaboradores da NASA que se bateu pela exposição da verdade e transparência, chamando a atenção para as anomalias que os astronautas testemunharam no espaço. Uma das suas citações mais importantes foi: “Acho que cheguei ao ponto em que estou suficientemente convencido da realidade da presença ET, e não vou negá-lo ou menosprezá-lo … Chegou o momento de tornar isto público.” Consequentemente, Mitchell tornou-se um corajoso porta-voz pelo “disclosure”. Reclamou pelo fim do secretismo à volta do fenómeno ovni, requerendo aos EUA que tornassem pública toda a informação relativa a ovnis e a Roswell.
Edgar Mitchel era uma pessoa “rara”. Um Homem dotado de uma sabedoria pouco convencional que ultrapassava os limites da investigação científica. De forma honesta, gostaria de ter visto o planeta e a espécie humana ter a capacidade de evoluir percorrendo o caminho da luz e do amor. O que é mais espantoso neste livro “The Path of the Explorer“, é o facto de chamar a atenção para a componente paranormal da investigação científica, aquilo que o falecido Dr. J.Allen Hyneck, muitas vezes referido como o padrinho da ovnilogia, nos disse para nunca esquecer quando investigamos e procuramos por respostas para o engima dos ovni. Está tudo interligado na equação quântica.
A procura pela verdade, lançou Edgar Mitchell numa viagem, num arco-íris de visões sobre como a humanidade pode evoluir, sobre como a humanidade pode alcançar o seu máximo potencial, sobre como a humanidade pode transcender as suas próprias limitações e tornar-se uma espécie evoluída e merecedora de um lugar na vizinhança galáctica. Ele acrescenta que há uma comunicação não-local, metafísica, uma ligação mental com as nossas funções humanas. Edgar Mitchell refere que a “não-localidade”, também denominada “emaranhamento” de partículas na física teórica, pode explicar muitos dos mistérios. Há algo de único e singular na nossa realidade. Há algo de único e singular no nosso Universo. Estamos a lidar com um processo difícil.
O principal problema que temos enquanto civilização terrestre, é que não nos vemos ou entendemos no sentido cósmico. Ainda somos muito provincianos. Fazemos guerras com base na religião, quando na sua base, as religiões falam de Amor e Irmandade. São as diferenças culturais que causam as divisões: Não são diferenças intrínsecas. A experiência transcendental é comum a todas as culturas do planeta, e essa experiência é o Amor, a Natureza, a Harmonia, a Unidade. O processo cultural, ao tentar definir essa experiência, fá-lo como divindade externa em oposição ao processo em si. O Dr. Mitchell afirma:
“O nosso conhecimento base está incompleto. Tudo o que fazemos é adicionar algo mais ao conhecimento base. Nós estamos a ir na direcção da cosmologia quântica, que tem origem em vários processos quânticos definidos como flutuações quânticas dentro de um campo zero. Pode dar início ao processo que constrói o processo, que constrói a matéria, que é irreversível na natureza.“
Em Novembro, este livro será como uma prenda para o público Italiano e para as gerações futuras que poderão fazer o puzzle da vida ao juntar-se à ciência, mecânica quântica, consciência e evolução espiritual em conjunto. Para finalizar, o Dr. Mitchell refere que toda a ignorância é baseada nos nossos egos. É a falta de vontade de ir para além do ego. A transcendência move-nos para além do ego. Se formos para além do ego, poderemos ver tudo isto de uma perspectiva decente e poderemos começar a colocar as peças nos locais certos. É uma vergonha que ainda não tenhamos feito isto enquanto civilização. No devido tempo, isto é o que terá de acontecer para podermos sobreviver enquanto espécie. É aí que a filosofia e toda a noção de determinismo torna importante a mudança de realidade. Nós estamos a criar o futuro. O poder das palavras de Edgar Mitchell, a sua incrível sabedoria, o seu espírito criativo, irão inspirar o leitor deste livro para um novo entendimento do nosso mundo, num esforço para ajudar a criar um futuro abundante e sustentável, em unidade e harmonia cósmica.
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“Acho que cheguei ao ponto em que estou suficientemente convencido da realidade da presença ET, e não vou negá-lo ou menosprezá-lo … Chegou o momento de tornar isto público.“
Mitchell: Penso que foi pelas ligações pessoais, uma vez que tive várias nesta área. Penso que foi pela minha credibilidade enquanto cientista. Sou muito, muito céptico sobre o que vejo. Não posso fazer ressalvas. Não faço afirmações sem bases. Embora a minha experiência não seja em primeira-mão, tornei-me um porta-voz dos meus colegas que tiveram essa experiência em primeira-mão. Sou muito claro sobre todas estas coisas, e sou muito claro no que toca à nossa falta de conhecimento. Qual é a fronteira? O que são os desconhecidos/não-identificados? Quais são os parâmetros que não entendemos? Penso que é isto que me dá credibilidade.
Paola: Que conselho daria aos investigadores mais sérios, que procuram respostas e, digamos, sonham com a harmonia com culturas cósmicas? Que conselhos lhes daria?
Mitchell: Estamos a lidar com um processo difícil. O principal problema que temos enquanto civilização terrestre, é que não nos vemos ou entendemos no sentido cósmico. Ainda somos muito provincianos. Fazemos guerras em nome da religião. Na minha opinião, os cristãos fundamentalistas são tão maus como os fundamentalistas islâmicos e, no entanto, na sua base, nenhuma das religiões é assim. No núcleo base de ambas, essas religiões falam sobre qualidades como o Amor e Irmandade.
Paola: Está a dizer que existem mais coisas em comum do que diferenças?
Mitchell: Claro. Há diferenças culturais. Não há diferenças intrínsecas. Tal como eu disse na minha apresentação de ontem: “a experiência transcendental é comum da todas as culturas do planeta”, e essa experiência tem a ver com Irmandade, Amor, Natureza, Harmonia, Unidade. O processo cultural, ao tentar definir essa experiência, fá-lo como divindade externa em oposição ao processo em si.
Paola: É mais fácil assim porque nos retira a responsabilidade. É como o provérbio: A culpa é de Deus ou do diabo. É a falha de não assumirmos a responsabilidade por quem somos.
Mitchell: Sim, é isso, e a nossa ignorância, e está baseado nos nossos egos. É a falta de vontade de ir para além do ego. A transcendência move-nos para além do ego. Se formos para além do ego, poderemos ver tudo isto de uma perspectiva decente e poderemos começar a colocar as peças nos locais certos. Mas nós ainda não fizemos isso. Não enquanto civilização.
Paola: É por isso que pensa que o contacto não ocorrerá enquanto não chegarmos lá. Certo? A Humanidade enquanto espécie ainda não chegou lá. Referiu na sua palestra de ontem, se eles perguntarem de onde somos, não dizemos da Terra, mas sim de Los Angeles.
Mitchell: Sim. É verdade.
Paola: Então é da opinião de que é necessário haver uma espécie de situação política única ao nível do planeta?
Mitchell: Claro que é isso que tem de acontecer.
Paola: Somos todos iguais. É isso?
Mitchell: No devido tempo, isso irá acontecer. Se sobrevivermos até aí. Porque podemos facilmente extinguir-nos antes disso acontecer. Não é um dado adquirido de que iremos sobreviver. Essa é a aplicação filosófica da noção do determinismo e do que o futuro nos aguarda. Nós estamos a criar o futuro. Não está determinado. Se trabalharmos todos em conjunto e resolvermos os problemas actuais, talvez possamos ter um futuro sustentável e abundante. Se não o fizermos, iremos desaparecer. Estamos no limite de o fazer com as políticas actuais. Estamos a voltar para trás.
Paola: Preciso de lhe fazer uma pergunta pessoal. Teria gostado de ter tido contacto com uma cultura cósmica?
Mitchell: Claro que sim!
Paola: Não deixa de ser irónico que sendo o astronauta chefe e porta-voz do movimento da presença ET, nunca tenha tido contacto. Tal como eu, que trabalho nesta área há mais de 30 anos e nunca vi um ovni.
Mitchell: Sim. Eu teria gostado. Pois prefiro falar por experiência própria e não através da experiência dos outros.
Paola: Tem sido para si difícil ter esta visão e não ter muitos com quem partilhá-la? É que essa sua visão é como que quase completa, uma espécie de visão do panorama geral, sendo verdade que lhe tira três quartos do seu tempo para tentar explicá-la às pessoas.
Mitchell: Não o colocaria nesses termos, porque eu passo 90% do meu tempo a tentar explicá-lo a mim mesmo!
Paola: Mas para si, sabe que é verdade. Já o admitiu em público várias vezes.
Mitchell: Bom, eu gostaria de descobrir a Verdade. O nosso conhecimento base é incompleto, e tudo o que fazemos é adicionar, permanentemente, algo mais a essa base. Acho que é de rir, francamente, que a comunidade dos Físicos tenha de arranjar uma teoria para tudo. Não há uma teoria para tudo. Não existe uma explicação. Eventualmente poderemos ter várias teorias que liguem as coisas, mas não uma única que explique tudo.
Paola: Como o Big Bang ser a principal teoria da criação – e a Teoria das Cordas, e outras?…
Mitchell: Bom, o Big Bang é o que é, mas a Teoria das Cordas, para mim, é algo suspeita. Tudo começar com a noção do Big Bang, que se for verdade, tem início com temperaturas incrivelmente elevadas. E por isso eles pensam que [nós] precisamos de obter essas temperaturas elevadas para esta simetria quebrada; juntando toda esta simetria quebrada, não conseguimos obter energia suficiente em toda a galáxia para atingir aquelas temperaturas, por forma a provar esse ponto de vista. Para mim, essa é a única falha da Teoria das Cordas. Mas há uma série de pontos interessantes, mas não sei… não sou Físico.
Paola: Mas o seu interesse não vai nessa direcção. Está mais focado nas questões da consciência e no que consegue atingir enquanto ser humano. Certo?
Mitchell: Sim. Mas também penso que estamos a ir na direcção da cosmologia quântica, em oposição ao “início com o Big Bang” e tentar encaixar aí a física quântica.
Paola: Cosmologia Quântica. Isso é um termo novo.
Mitchell: Que tem origem nos processos Quânticos. Ou seja, as flutuações quânticas dentro do campo de energia zero, dão origem ao processo que produz o processo, que produz a matéria, num processo irreversível. Temos algumas evidências que sugerem isto. Não temos um Big Bang mas sim muitos pequenos Pops! Uma sequência contínua de pequenos Pops!
Paola: Isso é uma boa metáfora. Na sua palestra, uma das coisas que referiu foi que a “intenção” cria a acção. A intenção cria a nossa realidade, que nos torna quem somos. Se isso for verdade, então torna-nos muito poderosos, num planeta que sempre foi subjugado por grandes poderes que controlaram as massas. Então, esta ideia da “intenção” criadora, significa que nós podemos criar realidades e também podemos criar eventos?
Mitchell: Nós estamos a criar. Eu não crio a sua e a Paola não cria a minha, mas cada um de nós cria “a nossa”!
Paola: No passado, nós sempre demos o poder às estruturas de poder, por isso acha que poderá ser difícil para pessoas acreditarem que têm esse poder?
Mitchell: É necessário ligá-lo com a transcendência, porque quando transcendemos os estados de transcendência, ultrapassamos a estrutura do ego, e a partir desse ponto não precisamos de leis, pois temos a “moralidade”. Temos a ética natural interior, que é baseada no Amor.
Paola: Essa parece ser a palavra secreta.
Mitchell: Sim. Por isso é que as tradições ancestrais, e até o Cristianismo, dizem que Deus é Amor. Aí existe simetria. O passo fundamental pelo qual atingimos o estado transcendental é o sentimento do Amor, do entusiasmo, da unidade.
Paola: E não precisamos de leis.
Mitchell: Essa é a lei! Aprendemos a viver assim. Mas também é verdade que é difícil viver assim neste mundo, e por isso é que aqueles que são mais espirituais se refugiam nas montanhas; para fugirem ao mundo, para que não tenham de lidar com ele – o que também não ajuda o mundo.
Eu admito que para que ocorra uma mudança efectiva, temos de nos submeter à “roda da fortuna” da vida, e que especialmente para uma mulher investigadora, paga-se o preço da credibilidade. Todos nós somos desencorajados por vezes, mas ter tido a oportunidade de ter uma conversa destas com Edgar Mitchell, foi um daqueles momentos únicos na vida. A metodologia metafísica que ele refere é a “chave” para entender o fenómeno. Esta sabedoria resulta de muitos séculos de estudo.
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por Steve Bassett

