Os Clinton são de outro mundo!
Nos últimos dias a comunidade ufológica e exopolítica encheu-se de esperanças (novamente), com as declarações de Hillary Clinton. Porquê?
A afirmação que fez perante jornalistas não deixa ninguém indiferente: “I think we may have been visited. We don’t know for sure.”
Talvez já tenhamos sido visitados? A que visitas se estava ela a referir? Bom, talvez convenha rebobinar (esta palavra ainda se usa?) a história e tentar enquadrar o leitor menos atento a estes temas.
Comecemos por Webster Hubble, colega e amigo de longa data de Bill Clinton e que, pelas mãos deste, chegou a chefiar um departamento de Justiça em Washington. Em 1997 lança o livro “Friends in High Places” (tradução rápida para “Amigos em Funções VIP“), no qual aborda a sua relação com o casal Clinton, e a sua ascensão e queda profissional em Washington. Nesta obra, Hubble recorda alguns episódios da 1ª campanha presidencial (1992) de Bill Clinton, sobressaindo o seguinte: Bill prometia colocar Webster Hubble no departamento de Justica, caso ganhasse as eleições, reservando-lhe duas tarefas prioritárias.
Disse-lhe Clinton: “Se eu te puser na Justiça, quero que me descubras as respostas para duas questões” ; “Um, quem matou o J. F. Kennedy. E dois, existem ovnis?“
Segundo Webster, Bill Clinton estava a falar mesmo a sério, tendo mostrado o seu desagrado com as respostas que lhe foram sendo apresentadas.
Eventualmente, terá sido por ter sabido deste interesse que Laurance Rockefeller, (membro da conhecida família de banqueiros americana, e reconhecido filantropo), deu início a uma série de contactos com os Clinton, a partir de 1993, na tentativa de promover uma abertura na discussão do fenómeno ovni, e na esperança de obter a desclassificação e publicação de documentação oficial referente a este tema (UFO Disclosure Initiative to the Clinton White House).
Em 1995, Bill e Hillary visitam o rancho de Laurance Rockefeller, tendo surgido umas fotografias onde se vê Hillary e Laurance a caminhar enquanto conversam. Ela tem nas mãos um livro, que mais tarde o investigador Tonio Cousyn descobre ser do autor Paul Davies, com o título “Are We Alone?: Philosophical Implications of the Discovery of Extraterrestrial Life” (Estamos Sós?: Implicações Filosóficas da Descoberta de Vida Extraterrestre”).
Bill Clinton foi presidente dos EUA durante 2 mandatos (1993-2001), durante os quais alguns documentos foram de facto desclassificados, mas sem relevância maior.
Em Outubro de 2002, John Podesta, antigo Chefe de Gabinete da Casa Branca durante a administração Clinton, participa numa conferência promovida pela “Coalition for Freedom of Information” (Coligação para a Liberdade de Informação) onde apela à publicação de todos os documentos sobre ovnis que estejam na posse do governo, defendendo que “It’s time to find out what the truth really is that’s out there,” ; “We ought to do it, really, because it’s right. We ought to do it, quite frankly, because the American people can handle the truth. And we ought to do it because it’s the law.” (“É tempo de descobrir que realidade existe lá fora. Devemos fazê-lo porque é o correcto. Devemos fazê-lo porque, muito honestamente, os cidadãos americanos conseguem suportar a verdade. E devemos fazê-lo porque faz parte da lei.”)
Um ano mais tarde, Outubro 2003, numa nova conferência da Coligação, Podesta repete o seu apelo à desclassificação de todos os documentos ovni.
Em 2010, escreve o prefácio do livro da investigadora Leslie Kean – “UFOs: Generals, Pilots, and Government Officials Go on the Record” (este livro inclui um caso Português, que envolveu o Tenente Piloto Aviador Júlio Guerra, em 1982), onde, mais uma vez, refere que tanto o povo Norte Americano como o resto do mundo, podem lidar com a realidade por detrás dos ovnis.
Apesar de toda a “pressão” e lobby durante estes anos, ao deixar oficialmente o cargo que desempenhou na administração Obama, em Fevereiro de 2015 Podesta partilha a sua frustração no Twitter: 1. Finally, my biggest failure of 2014: Once again not securing the #disclosure of the UFO files.#thetruthisstilloutthere cc: @NYTimesDowd.
Soube-se, entretanto, que John Podesta foi nomeado chefe de campanha de Hillary Clinton, e o entusiasmo e a esperança, claro, voltaram. Especialmente quando, na semana passada (início de Janeiro 2016), durante um encontro com jornalistas no Conway Daily Sun, um dos presentes perguntou a Hillary o que é que ela achava do interesse do seu marido (Bill) pelos ovni, em especial os comentários feitos durante o talkshow de Jimmy Kimmel onde ele referiu que não sentiria surpresa se a Terra fosse visitada por aliens, e rindo-se para o apresentador disse que só esperava que não fosse como no filme “O Dia da Independência”. Hillary respondeu: “I think we may have been. We don’t know for sure“. (Penso que já podemos ter sido visitados, mas não temos a certeza).
Os fóruns e blogs da comunidade ufológica reagiram entre o forte entusiasmo e o cepticismo. É que no meio do nervosismo pelos ensaios nucleares da Coreia do Norte, a ameaça do radicalismo do Daesh e os ânimos quentes entre Arábia Saudita e Irão, muitos, como eu, não acreditam que vá haver tempo ou disponibilidade para discutir assuntos “exóticos” como o dos ovni, por muito que o John Podesta se esforce.
Mas este, é mais um bom exemplo de como o fenómeno ovni, para além da investigação científica, tem uma componente política.
Por: Francisco Mourão Corrêa
Coordenador Exopolítica Portugal